Críticas
Atômica | Charlize Theron está mais visceral do que nunca
03/09/2017 - 21:00 | Por: Daniella Carbonetti
Filme que traz empoderamento feminino com elegância e brutalidade, trilha sonora e elementos visuais incríveis ao estilo anos 80 além de cenas de luta viscerais sem cortes, fazem de Atômica, sem dúvidas, um dos melhores filmes de ação dessa geração.

Charlize Theron já pode ser considerada como o maior símbolo do "girl power" cinematográfico. Depois de roubar a cena como Furiosa de "Mad Max: Estrada da Fúria", surge agora como Lorraine Broughton, uma espiã da MI6 que tem como missão resgatar um documento que também envolve a morte de seu antigo parceiro. A trama se passa no ano de 1989, no período final da Guerra Fria, antecedendo a queda do Muro de Berlim, que dividia a Alemanha e o mundo entre capitalista e socialista (Alemanha Oriental, apoiadora do socialismo e Alemanha Ocidental, apoiadora do capitalismo). Também era um período marcado por fortes tensões políticas, não só entre os governos da antiga União Soviética e Estados Unidos mas como também entre grupos conspiradores rivais: contexto histórico que o filme retrata muito bem. E aí que está o centro da trama. O filme é baseado na HQ "The coldest city", de Antony Johnston, publicada em 2012, que basicamente conta a mesma história.
Lorraine trabalha junto de Percival (James McAvoy) na empreitada. Os dois formam uma dupla problemática que geralmente entram em conflito de interesses, porém o personagem de McAvoy surpreende numa personalidade explosiva e com uma boa atuação.


Quanto a Lorraine, Charlize dá vida a uma personagem sexy e com ar de mistério, tornando a trama cativante e prendendo a atenção do telespectador em cada ato. Lorraine é realmente atômica, misturando sensualidade e brutalidade sem descer - literalmente - do salto. As cenas de luta são frenéticas: completamente viscerais e Lorraine não é imune a nada, o que torna as cenas muito mais realistas. O fato de lutar com brutamontes relativamente mais fortes que ela não a impede de usar sua inteligência, utilizando os meios no cenário para derrotá-los. E o melhor: tudo isso sem cortes! Charlize é capaz de manter o ritmo das cenas de ação sem fraquejar: cada ato é bastante intenso e consegue nos fazer deleitar em cada porrada bem dada.
O filme é contado em flashbacks, porém não perde o dinamismo e consegue instigar o telespectador criando cenas que podem ser mais manipuladas narrativamente sem qualquer prejuízo ao seu andamento.
Ambientado nos anos 80, o filme traz consigo muitas referências desse período, com trilha sonora marcante durante todo o filme, estilo, cultura e jogo de cores.
A trilha se faz presente o tempo todo, principalmente nas cenas de ação, tornando-as muito mais marcantes. Temos ícones dos clássicos dos anos 80, como George Michael, com a música "Father Figure", ilustrando a cena de ação mais badass e uma das mais importantes do filme. Um dos recursos muito bem empregados no filme é a trilha marcada não apenas nas cenas de ação, mas até mesmo após elas acabarem, criando uma espécie de "diálogo" com o telespectador através da música e enfatizando a ação. Isso também ocorre durante os créditos, com a música "Under Pressure", do Queen, que é trilha da última cena do filme mas que continua nos créditos, compondo uma trilha que se comunica com diversas cenas, e nesse caso, que se conecta com os créditos. Em uma das cenas em que Lorraine conversa com Percival em sua casa, podemos ver logo atrás dele uma televisão onde passava o clipe "What's on Your Mind", da banda Information Society, também ícone dos anos 80 em termos musicais e culturais, sendo uma banda que marcou também o movimento punk na época.
Falando em movimento punk, é claro que as marcas sociais desse período não poderiam ficar de fora: é possível notar a forma como as pessoas se vestiam e o comportamento punk revolucionário que ilustrava a cidade. Pessoas usando os seus moicanos coloridos, roupas descoladas, rádios de pilha nas ruas e muito rock'n'roll. O cenário se faz muito rico e vibrante, dando uma vibe bem característica a "Atômica". Vale lembrar que a trilha sonora é composta por Tyler Bates, o mesmo que compôs as trilhas de "Guardiões da Galáxia" 1 e 2.
O contraste de cores também é bastante característico, que varia desde o tom Noir, com ar urbano e escalas de preto e branco até as cores mais vivas, como o neon também característico da década de 80 (inclusive o que vemos nos pôsteres) e que se faz presente na maioria das cenas e na cidade: letreiros e luzes neon que dão muita vida à fotografia do filme.


Também no elenco há participação de Sofia Boutella, a Jailah de "Star Trek: Beyond" e a nova "A Múmia", que entra como personagem coadjuvante na trama, enfatizando algumas cenas de empoderamento feminino junto à Lorraine, mas fora isso, nada muito marcante.
A direção de David Leitch e Chad Stahelski são praticamente impecáveis, ao estilo "John Wick", filme de 2014 estrelado por Keanu Reeves, com lutas muito bem coreografadas, e elementos magistralmente combinados, fazendo de "Atômica", sem dúvidas, um dos melhores filmes de ação dessa geração e que merece ser assistido por todos os fãs do gênero.
Nota: 9,8
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